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Levantamento realizado pela Unicamp – Universidade Estadual de Campinas, a partir de dados da Rede Brasileira de Estudos em COVID-19 e Obstetrícia – Rebraco trouxe à luz uma importante informação sobre os casos de gestantes negras contaminadas pelo coronavírus. Essas mulheres têm risco quatro vezes maior de complicações decorrente da doença.
A pesquisa fez uma análise criteriosa de dados de quinze maternidades do país entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021 e constatou que questões socioeconômicas, tais como tempo de procura para o atendimento médico após início dos sintomas e pós-parto revelaram que os casos de gestantes negras, autodeclaradas pretas ou pardas, tiveram registro de saturação de oxigênio abaixo de 93%, por exemplo, quatro vezes mais frequente do que as mulheres não negras.
Vale lembrar que o índice de saturação de oxigênio considerado normal pelas autoridades médicas é acima dos 95%, exceto nos casos de portadores de deficiências respiratórias crônicas, como DPOC ou asma em que a saturação dada como normal é em torno dos 90%.
Quem são essas gestantes
A pesquisa teve acesso a dados de mulheres gestantes de todo o Brasil e os pesquisadores levaram em conta informações sobre a evolução da doença em 710 gestantes pesquisadas.
Além de dados sociodemográficos das pacientes como qual a região de residência, estado civil, idade, escolaridade, também foram observados o Índice de Massa Corporal – IMC pré-gestacional e acesso à plano de saúde.
Esses dados mostraram que um número maior de gestantes negras precisou ser internado na Unidade de Terapia Intensiva – UTI com necessidade de intubação, ou seja, a respiração passou a ocorrer com auxílio de aparelhos.
Outro ponto salientado é com relação a maior proporção de adolescentes negras na condição de gestantes com baixa escolaridade, menor IMC e em situação de gravidez não planejada.
Demora em procurar ajuda
Segundo os pesquisadores, esse contexto que revela o perfil das gestantes negras pode agravar o comprometimento dessas mulheres com a COVID-19 porque é comum demorarem a procurar serviço de saúde.
As causas para essa atitude denotam uma discussão social bem mais ampla e, passa por questões raciais antes mesmo de condições socioeconômicos, de acordo com a pesquisa. Isso porque, há uma série de fatores que somados ao contexto brasileiro racial faz com que as gestantes negras tenham um pior acesso à saúde.
Pesquisadores afirmam que uma das questões é o fato de mulheres negras morarem em regiões periféricas, o que gera problemas de distância e dificuldades de acesso ao transporte. Também essas gestantes têm dificuldades para se ausentar do trabalho e, por vezes, são sozinhas e não têm com quem deixar as crianças para que possam cuidar delas mesmas.
Dados da literatura utilizada nessa pesquisa sobre gestantes negras e COVID-19 reforçam ainda mais essa realidade de mulheres negras não terem acesso à saúde. Levantamentos científicos mostram que elas fazem menos consultas de pré-natal, têm recorrência quando o assunto é complicação por pré-eclâmpsia, além de terem mais casos de hemorragias pós-parto e não receberem a devida medicação quando sentem dores antes e durante o trabalho de parto.
Com esse panorama, é compreensível e provável que as gestantes negras tenham mais complicações seja pela COVID-19 seja por quaisquer outras enfermidades registradas nos hospitais e postos de saúde de todo o país.
Embora, a COVID-19 tenha deixado um rastro de mortes, complicações e sequelas pelo mundo, o fato de gestantes negras brasileiras terem maior risco de dessaturação, de mortes decorrentes de complicações da COVID-19 e de admissão nas UTIs deixa claro que o acesso à saúde que é dever do Estado e direito de todos no país, abre uma lacuna quando o segmento populacional é formado pelas pessoas pretas e pardas e isso diz muito sobre a realidade racial do Brasil.
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